terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Partido dos Trabalhadores (PT) - Socialismo Democratico



             O PT já nasceu com propósitos radicalmente democráticos. Surgimos combatendo a
ditadura militar e a opressão burguesa, exigindo nas ruas e nos locais de trabalho respeito às
liberdades políticas e aos direitos sociais. Crescemos denunciando a transição conservadora
e construindo as bases da soberania popular. Em dez anos de existência, o PT sempre
esteve na vanguarda das lutas pela democratização da sociedade brasileira. Contra a
censura, pelo direito de greve, pela liberdade de opinião e manifestação, pela anistia, pelo
pluripartidarismo, pela Constituinte autônoma, pelas eleições livres e diretas. Tornando-nos
um grande partido de massas, denunciando a expropriação dos direitos de cidadania pelo
poder de Estado, o atrelamento dos sindicatos ao aparato estatal, o imposto sindical.
Diversos companheiros deram sua vida na luta dos trabalhadores pela democracia. Santo
Dias, Wilson Pinheiro, Margarida Alves, Padre Jósimo, Chico Mendes e tantos outros.
Na raiz de nosso projeto partidário está, justamente, a ambição de fazer do Brasil uma
democracia digna desse nome. Porque a democracia tem, para o PT, um valor estratégico.
Para nós, ela é, a um só tempo, meio e fim, instrumento de transformação e meta a ser
alcançada. Aprendemos na própria carne que a burguesia não tem verdadeiro compromisso
histórico com a democracia. A relação das elites dominantes com a democracia é
puramente tática, elas se socorrem da via democrática quando, pragmaticamente, lhes
convém. Na verdade, a democracia interessa, sobretudo aos trabalhadores e às massas
populares. Ela é imprescindível, hoje, para aprofundar suas conquistas materiais e políticas.
Será fundamental para a superação da sociedade injusta e opressiva em que vivemos. Assim
como será decisiva, no futuro, a instituição de uma democracia qualitativamente superior,
para assegurar que as maiorias sociais de fato governem a sociedade socialista pela qual
lutamos. 
                Nossa bagagem ideológica original, enriquecida no próprio curso da luta política e
consolidada nos vários Encontros Nacionais do partido, orientou a conduta do PT ao longo
de toda a década de 1980 e garantiu a conquista de importantes objetivos históricos. Com o
sentido geral de nossa política – democrático e anticapitalista – perfeitamente assegurado,
optamos pela construção progressiva de nossa utopia concreta, isto é, da sociedade
socialista pela qual lutamos. Quisemos evitar tanto o ideologismo abstrato, travo elitista da
esquerda tradicional brasileira, quanto o pragmatismo desfibrado, característico de tantos
outros partidos. De nada nos serviria um aprofundamento ideológico puramente de cúpula,
sem correspondência na cultura política real de nossas bases partidárias e sociais.
De resto, também as direções careciam de muita experiência, que só a luta democrática de
massas, paciente e continuada, pode proporcionar. O que legitima os contornos estratégicos
definidos de qualquer projeto socialista é a convicção radicalmente democrática e
transformadora de amplos segmentos populares. Pode-se dizer, sem indevido triunfalismo,
que tal pedagogia política, baseada na auto-educação das massas por meio de sua
participação civil, revelou-se, no geral, acertada. 
       O PT, lutando por tal socialismo, não menospreza os desafios teóricos e práticos a
superar para sua obtenção. Sabe que tem pela frente um gigantesco esforço de construção
doutrinária e de luta social, e declara-se, mais do que nunca, disposto a realizá-lo, em
conjunto com todas as forças democráticas e transformadoras presentes na vida brasileira.